domingo, 17 de fevereiro de 2008

...E O GAMBOA, NO MEIO DE TODOS



«…olhando para trás, nas minhas recordações, passando as olhos pelos retratos da minha vida, há uma pergunta que me vem à cabeça: desde que tivemos casa própria – o Artur e eu – nunca percebi, ao certo, se o atelier ficava dentro dela ou se ela ficava dentro do atelier!

Lembro-me de centenas de pessoas (muita gente das artes e das letras), com quem tive o privilégio de conviver, de receber e visitar, em metade do século passado.

De entre todos, a imagem de alguns ficou sempre em lugar de destaque. Aquilo que faziam, o modo como se apresentavam e falavam, as suas diferentes maneiras de estar, aqueles e aquelas que os acompanhavam e, sobretudo, a admiração, a lealdade e o afecto que pressentia neles pelo meu Homem!

Talvez por isso, esqueci muitos nomes e outro nunca esquecerei. Alguns desapareciam e voltavam. Outros abandonaram a própria vida.

Estou sempre a ver aqueles que, entre a Brasileira e a Amadora (por um só momento, ou longos e remotos anos), estiveram mais próximos, como o Relógio e o d’Assumpção, o Fausto Boavida e o Palmela, o Arnaldo, Figueiredo Sobral e o Cargaleiro, o António Lino, Manuel Borges e o Fragoso, o Hilário, o Infante do Carmo, o Belo Marques, o Vasquinho Fernandes, o Eduíno, o Zé Luís Ferreira e o Miguel Vasques, o Pernes, o Fernando Guedes, o Almada, o Raul Rego, a Natália Correia, o David e o Martins Correia …tantos outros e, no meio deles, o Manuel Gambôa, sempre de ida-e-volta da Alemanha, muito alegre e mexido, cheio de humor, desenhando e pintando duma forma muito especial que o Artur apreciava, estimulava e louvava, constantemente.

E, mais recentemente, na Caparica, na Amadora e em Lagoa (já regressado de vez a Portugal) o nosso Manuel Gambôa cheio de vitalidade, continua a ter a admiração enorme que o seu trabalho artístico merece incontestavelmente.»


Guilhermina Bual (mulher do pintor Artur Bual) - Fevereiro 2005

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